Eu vi que ele olhava para o rio; naquele momento soava em sua mente várias perguntas, as quais não obteve respostas concretas. Percebi que, não só olhava para o passado como, também, planejava o que iria fazer daquele dia em diante.
Houve de repente, um choque de ideias, nas quais pretérito e futuro se confrontavam. Fechou os olhos, como que para amenizar o conflito de pensamentos; logo voltara a calmaria em sua mente.
A brisa... Ah, a brisa! Esta soprava-lhe a face de forma tão suave que, por um segundo, esquecera todos os devaneios, vindo a imaginar-se voando sobre as nuvens. Encontrava-se tão leve e feliz com aquele pensamento, que não podia deixar de juntá-lo ao magnífico canto dos pássaros que ali havia. Este, por sua vez, soava como uma das mais belas canções de ópera... Teria Vivald, inspirado-se nesse canto para compor as quanto estações? Muito provável que sim!
O pôr do sol, fora tão belo quanto de costume. Os últimos raios solares vinham de encontro a sua face, aquecendo-lhe de forma tão carinhosa que mais parecia-lhe um abraço bem apertado, do qual, se pudesse, jamais sairia!
As horas foram-se passando cada vez mais rápido, tão depressa que nem notara a presença de um anjo: este, colocara a mão no seu ombro e lhe dizia ao pé do ouvido que tudo já havia sido preparado, que era chegado o momento de ir.
Relutante, recusara-se a abandonar esse lugar que lhe trazia muitas lembranças do seu passado e ocasionalmente do futuro que lhe aguardava. Houve um grande silêncio... O sol sumiu, como se some a chama de uma vela ao passar uma onda de ar.
Ele, ainda meio confuso, sentiu que nunca mais retornaria, um dia, a vê-lo. Aquela confusão consumia-lhe pouco a pouco, ele, porém, sabia que tinha chegado a hora de sua volta a casa: erguendo-se, o anjo deu-lhe a mão, a mesma que outrora colocara em seu ombro. Juntos foram andando, por um pequeno caminho; uma estrada simples, porém, bonita.
Ao chegar, deparara-se com um ambiente tão exuberante, quanto o que outrora tinha vislumbrado; o mesmo pôr do sol, a mesma brisa tão suave quanto, o cantar das aves...
O anjo, ao ver sua perplexidade, falou-lhe que tudo fora preparado para ele durante todos esses anos. O rapaz, que apesar de um dia ter sido idoso, neste lugar era jovem e cheio de vida. Com os olhos cheios de lágrimas, observou-o por alguns segundos e, por fim, agradeceu-lhe pelo "presente"; pôs-se a admirar tamanha beleza... Esta era eterna.
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Autoria: Alex da Silva Alves
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ResponderExcluirEscreverei meu caro. Perdoe não tê-lo respondido antes, vi seu comentário apenas hoje.
ExcluirRealmente fascinante!
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