Nada mudou ou mudará; por mais que o tempo passe, não será possível... O passado não deveria doer tanto assim, visto que eu mal o vivi! Talvez seja por esse motivo tamanha dor, desalento...
Certo dia, isso lembro com clareza, estivera eu a beira de um lago pequeno, no entanto, bem profundo - pensava em atirar-me ao fundo; fiz menção em jogar-me, mas um velho, que ali próximo morava, veio a meu encontro. Não me permitiu pular antes de ouvir o que tinha a dizer.
"Sabe criança..." começou ele, "quando tinha sua idade..." sua voz embargou, como que amargurado; nesse momento não pude conter as lágrimas, que a essa altura já me jorravam pela face. "Quando tinha sua idade também pensei a mesma coisa que agora lhe passa pela cabeça." continuou ele, ainda com a voz um tanto trémula, "eu vivia todos os dias pensando naquela que haveria, um dia, de ser minha melhor amiga, amante, confidente amada... Vulgo esta, a morte."
Olhei-o com olhar interrogativo, o qual ele notou, instantanemente, sem que o precisasse dizer nada; "perdi minha infância, meus amigos(as), meus familiares morreram pra mim..." mais uma vez sinto seu sofrimento, este fica ainda mais intenso quando ele fala em família. Acaba por engolir a seco... Tamanha sua mágoa; de algum modo eu sinto sua dor, ela é tão familiar...
"Filho, eu moro aqui, a beira deste lago, a anos; todas as tardes eu vinha e ficava olhando meu reflexo na água. Todas as vezes que isso me ocorria, sempre, ela (a morte) vinha, em meu pensamento, me convidar para conhecer seus aposentos; confesso que fiquei muito tentado a ir, visto que ela era muito atraente, mas me detive." parou por um momento para ver se eu o ouvia com atenção, logo em seguida continuou: "O que te quero dizer é que seja o que for que te aflige, já não importa mais, ficou no passado! Você é mais forte que isso!"
Tentei contra-argumentar, mas de imediato surgiu um pedaço de madeira em sua mão; com o qual fui acertado na cabeça. Tive o ímpeto de gritar de dor e perguntei-lhe o que tinha sido isso. Ele disse: "Seja o que for, não importa. Agora é passado!"
"Mas ainda dói muito!" disse-lhe; uma brisa gélida me traz de volta. Quando vejo no relógio, ja passara da uma da madrugada; e eu ainda estou aqui, a beira deste lago desde às quatro da tarde.
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Autoria: Alex da Silva Alves
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Magnífico! Meus parabéns...
ResponderExcluirGrato ;)
ResponderExcluirMeus Parabens, cada vez c mais traços d um otimo autor! Bem detalhista, e produtor um bom texto!
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